segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Resumo: Pedagogia da Autonomia – Saberes Necessários à Prática Educativa.


Primeiras Palavras – abordando sobre a ética na questão da formação docente.
A ética de que falo é a que se sabe afrontada na manifestação discriminatória de raça, gênero, de classe.  É por esta ética inseparável da prática educativa, não importa se trabalhamos com crianças, jovens ou adultos, que devemos lutar, por está absolutamente convencido da natureza da ética nesta prática especificamente humana, enquanto algo absolutamente indispensável à convivência entre indivíduos. Produto da determinação genética ou cultural ou de classe significa reconhecer que somos seres condicionados, mas não determinados. É nesse sentido que resisto em que formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas...
Capítulo 1 – Não há docência sem discência.
            Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção. A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blábláblá e a prática, ativismo. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina a aprender.
            Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível ensinar. Aprender precedeu ensinar ou, em outras palavras, ensinar se diluía na experiência realmente fundante de aprender. É um processo que pode deflagrar no aprendiz uma curiosidade crescente, que pode torná-lo mais e mais criador.
            O educador democrático não pode negar-se o dever de reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão. Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fazemos. É por isso que transformar a experiência educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo, o seu caráter formador.
            A grande tarefa do sujeito que pensar certo não é transferir, depositar, oferecer, doar ao outro, tornando como paciente de seu pensar, a intelegibilidade das coisas, dos fatos, dos conceitos. Por isso é que, na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os educandos em que os educandos em suas relações uns com outros e todos com o professor ou a professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se.
Capítulo 2 – Ensinar não é transferir conhecimento.
            Por mais que me desagrade uma pessoa não posso menosprezá-la com um discurso em que, cheio de mim mesmo, decreto sua incompetência absoluta. A consciência do inacabamento entre mulheres e homens, nos fez seres responsáveis, daí a eticidade de nossa presença no mundo. O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros. A vigilância do bom senso tem uma importância enorme na avaliação a todo instante, sabendo do respeito à autonomia, à dignidade e à identidade do educando.
            A nossa capacidade de aprender, de que decorre a de ensinar, sugere ou, mais do que isso, implica a nossa habilidade de aprender a substantividade do objeto aprendido. Construindo, reconstruindo, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito. Havendo uma relação entre a alegria necessária à atividade educativa e a esperança.
            Mudar é difícil, mas é possível, que vamos programar nossa ação político-pedagógica, não importa se o projeto com o qual nos comprometemos é de alfabetização de adultos ou de crianças, se de ação sanitária, se de evangelização, se de formação de mão-de-obra técnica. Como educador é necessário ir lendo cada vez melhor a leitura do mundo que os grupos populares com quem trabalho fazem de seu contexto imediato e do maior de que o seu é parte.
            O bom clima pedagógico-democrático é o em que o educando vai aprendendo à custa de sua prática mesma que sua curiosidade como sua liberdade deve estar sujeita a limites, mas em permanecer em exercício. Como professor devo saber que sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino. O exercício da curiosidade convoca à imaginação, a intuição, as emoções, a capacidade de conjecturar, de comparar, na busca da perfilizaçãodo objeto ou do achado de sua razão de ser.
Capítulo 3 – Ensinar é uma especificidade humana.
         Uma das qualidades essenciais que a autoridade docente democrática deve revelar em suas relações com as liberdades dos alunos é a segurança em si mesma. A incompetência profissional desqualifica a autoridade do professor. No fundo, o essencial nas relações entre educador e educando, entre autoridade e liberdades, é a reinvenção do ser humano no aprendizado de sua autonomia.
            Devendo revelar aos alunos a capacidade do educador de analisar, de comparar, de avaliar, de decidir, de optar, de romper, mesmo correndo riscos. Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que a minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição. Uma escolha entre isto e aquilo, tendo uma coerência entre o que digo, o que escrevo e o que faço. É decidindo que se aprende a decidir. Ninguém é autônomo primeiro para depois decidir. A autonomia vai se construindo na experiência de várias, inúmeras decisões, que vão sendo tomadas. Professor sim, tia não, na necessidade de criarmos, em nossa prática docente, entre outras, a virtude da coerência.
            O educador que escuta aprende a difícil lição de transformar o seu discurso, às vezes necessário, ao aluno, em fala com ele. O primeiro sinal de que o sujeito que fala sabe escutar é demonstração de sua capacidade de controlar não só a necessidade de dizer a sua palavra, que é um direito, mas também o gosto pessoal, profundamente respeitável, de expressá-la. A verdadeira escuta não diminui em nada a capacidade de exercer o direito de discordar, de opor e de se posicionar. Aceitar e respeitar a diferença é uma das virtudes sem o que a escuta não se pode dar.
            O professor autoritário, que recusa escutar os alunos, se fecha a aventura criadora. Testemunhar a abertura aos outros, a disponibilidade curiosa à vida, a seus desafios, são saberes necessários à prática educativa. A formação dos professores e das professoras devia insistir na constituição deste saber necessário e que me faz certo desta coisa óbvia, que é a importância inegável que tem sobre nós o contorno ecológico, social e econômico em que vivemos. Pois se não posso, de um lado, estimular os sonhos impossíveis, não devo, de outro, negar a quem sonha o direito de sonhar.

FREIRE, PAULO. Pedagogia da Autonomia – Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo: Ed. Paz e Terra S/A, 2000 – 28 edições.

Um comentário:

  1. Carliane e Neydjane, muito boa síntese. Bem construída com destaque dos pontos principais.
    Parabéns!!!
    Atividade computada!!!

    Segue abaixo o blog da turma:
    http://fafirebiologiadidatica20112.blogspot.com/
    Acesse o blog dos colegas e deixe registre seu parecer nos blogs deles
    Abraços!!!

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